Ainda hoje tenho na memória, a tua imagem em forma de saudade.
Foram longos anos que todos os dias andávamos juntas, de mão dada ou não, sempre juntas. Mas agora apenas sinto um vazio, vazio esse que, outrora tu ocupavas de forma tão intensa. Ainda ocupas, não tão intensamente, visto que não estás presente como eu tanto desejaria. Não sei se por inteira culpa minha, provavelmente terei sido eu a impulsionadora de tal, e algum arrependimento consome-me aquando me vem à memória o teu sorriso, ou simplesmente a tua voz.
Quero-te pedir desculpa, queria-te dizer que tenho saudades, tenho mesmo muitas saudades. Antes qualquer problema que me atormentava, tu ajudavas-me, estavas sempre comigo. Volto a dizer, tenho saudades! Eras a pessoa mais presente na minha vida, conhecias-me melhor do que eu própria me conheço a mim. A minha escolha racional pela parte emotiva, desfaleceu a importância e intensidade que tu tinhas sobre mim. Não me arrependo por essa decisão, arrependo-me sim de te ter perdido.
Não tinha em mente um fim tão drástico para nós. Pensei que era aquando a nossa separação que nós nos iamos deixr de nos dar tanto como nos davamos, mas não. A razão pela qual a nossa separação foi consumada, foi por causa de um rapaz... Ambas temos a culpa. Tu sabes. Não deveriamos ter deixado, deviamos ter separado as coisas. Isso não aconteceu.
E novamente digo: peço desculpa, eu tenho saudades.
"A saudade tem algo de auto-acusação e arrependimento.”
Carlos Drummond de Andrade
